quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Cenas do cotidiano...




Estamos em construção...
...em todos os sentidos...
sempre construindo a nós mesmos
e, no sentido que inicialmente queria dar à palavra:
construindo alguns cômodos lá em casa.
Um desses cômodos é um novo quarto pra mim...
uma suíte...
Mas, pra mim, ela vai ser pouco funcional... é...
Pouco funcional porque eu vou me negar a usar o banheiro...
Gente!!! É tudo muito caro... os olhos da cara!!!!
Uma privada é um absurdo de caro...não tenho coragem
de usar a privada depois de ter pago por ela mais de cem reais...
cruzes... todo esse preço pra depois...
Ah, não... me nego!
O banheiro novo é só de enfeite e pronto... tá decidido...
vou continuar usando o antigo...
É... vocês que passam por aqui acabam de descobrir...
EU SOU MUITO PÃO-DURA!!!!
(que nada... trabalho muito e valorizo o que ganho...)
Mas enfim...

No novo quarto há uma janela e tenho observado
que todos os dias tenho tido uma visita
ilustre e muito especial...
Descobri hoje, através do meu pai,
homem cheio de sabedoria,
que o
meu visitante diário é um "Sanhaço"
ou
Thraupis sayaca, pássaro
encontrado em centros urbanos,
geralmente nas praças e jardins.
Ele é um frungívoro, ou seja, se alimenta de frutas
(isso eu também aprendi hoje em um site)...
Mas o que há de especial no meu visitante?
Ele bica incessantemente a minha janela...

Quando meu quarto estiver pronto e eu dormir lá,
ele vai, provavelmente,
me acordar todas as manhãs...

Na minha visão psicológica e romântica de mundo,
o meu passarinho matinal estaria "paquerando"
seu próprio reflexo... meio narcisista ou, possivelmente,
"dando em cima" da fêmea disponível, ali, bem em frente a ele,
"dando mole", contudo, meu pai deu uma outra interpretação,
interpretação bem "coisa de homem mesmo":
- Aline, (ele disse), ele, o pássaro,
acha que o reflexo dele no vidro
é um outro macho e, por isso, fica marcando território,
brigando, bicando o oponente...

Depois que li a respeito sobre os "Sanhaços",
descobri que os machos têm características
diferentes das fêmeas,
fato que colocou a minha tese da paquera abaixo...
(a não ser que o Sanhaço seja homossexual...)

Sei que ele, o Sanhaço, visita outras janelas da minha casa,
sempre com o mesmo comportamento compulsivo:
bicar as janelas!!!
Estes dias eu saí às seis e tal da manhã e voltei umas dez...
ele já estava lá quando saí e permaneceu bicando a janela
pelo tempo que fiquei fora de casa...
Talvez ele precise de terapia...

***

Há alguns fins de semanas atrás,
uma "rolinha" entrou por uma das janelas do salão
e tentou sair por outra... só que ela estava fechada!
Bom, imaginem, foi aquela pancada...
e a rolinha, pobrezinha, caiu estatelada no chão...
foi parar atrás da geladeira...
quem achou foi o Pércio, que, ao ouvir o barulho,
acionou a família...
eu vi o último suspiro, coitada...
Pércio pegou a rolinha... entregou pro meu pai...
este último, entendido em ressuscitar
rolinhas e outros bichos,
fez massagem no peito,
jogou uns pinguinhos d'água pra ver se
despertava a desmaiada, abriu o bico,
e eu achei que ele ia fazer
respiração boca à boca, mas acalmem-se,
ele só soprou lá dentro...
Achei que ele iria tentar dar um choque na rolinha,
como nos filmes...
mas, não teve jeito... ela faleceu...
o golpe foi muito forte... ela não resistiu...
Achei que meu pai fosse enterrá-la...
No fundo, se ela ressuscitasse,
a gente teria que adotá-la,
tamanho o amor e a expectativa que,
naqueles poucos instantes,
a gente depositou no bichinho...
Mas ele, juntamente com o Henrique,
a envolveram em uma embalagem de batata palha Elma-chips
e deram pra um pescador na beira rio,
em frente à nossa casa...
ela iria servir de isca...
Nossa... de isca?!!!!
Que horror...
Ai, que triste fim...
Fiquei arrasada com o fim da rolinha...

***

Quero escolher um nome pro meu "Sanhaço"...
aceito sugestões... não sei como ele canta,
mas ele deve cantar...
A foto do post é só pra ilustrar, mas o meu Sanhaço
é mais esverdeado que azul...
Estes dias eu vi uma comunidade no orkut
que fazia referência à idéia
de que a gente atrai aquilo que transmite...
pensei: amo música, atraio pássaros...
principalmente os compulsivos e suicidas...

Abreijos...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A idéia original era...




Quando postei o texto abaixo, antes de escrevê-lo, minha intenção era, caso minhas idéias não "fugissem" da mente e tomassem forma de escrita, postar um dos "meus" textos preferidos...

O texto fala de enfrentamento... do ato de encarar nossos medos... (eita... tarefa difícil...)

Pra não fugir da idéia original, lá vai...

Chapeuzinho Amarelo

Chico Buarque

“Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.

Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir,

com medo de pesadelo.

Era a Chapeuzinho Amarelo.

E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho

era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho tinha cada vez mais medo do medo

do medo do medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho Amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa,

sete panelas de arroz…
E um chapéu de sobremesa. “

“Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo

do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo

daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.

O lobo ficou chateado de ver aquela menina olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo,

é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.

O lobo ficou chateado.

Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada, com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO umas vinte e cinco vezes,
Que era pro medo ir voltando e a menininha saber com quem estava falando:
LO-BO LO-BO LO-BO LO-BO LO-BO LO-BO

LO-BO LO-BO LO-BO LO-BO

Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido,

com vela e tudo, inteirim.

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo, porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo,

menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva,

nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca,

vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta,

depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha,

inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro

cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.

Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: o Gãodra, a Jacoru,

o Barão-tu, o Pão Bichôpa…
E outros tronsmons!



***



Amo o Chico... e recomendo!

Aline

domingo, 4 de novembro de 2007

Peixe fora d'água...


Fazia tempo que nem eu mesma visitava o meu blog.
Não tenho tido vontade de escrever.
Não tenho tido inspiração...
Tenho pensado, sim... a gente não pára de pensar...
E pensando, sente, age... vive.
Mas nem sempre o que pensamos, sentimos ou fazemos nos traz a necessidade de escrever.
Contudo, hoje... especificamente HOJE... eu pensei em reunir algumas idéias e registrá-las...
Ouvi tanta coisa importante hoje... tantas verdades sobre a nossa humanidade, sobre Deus, sobre PROVAÇÕES, lutas e coisas do tipo...
Mas o que ficou, no fim, é que Deus se importa... e como é bom pensar assim:
DEUS SE IMPORTA!
Registrei em meu coração que a palavra provação significa, entre tantos outros significados, "caminho doloroso" e cada um na vida tem o seu... tem a sua cruz... mas Deus se importa com as nossas dores, com a nossa força (ou fraqueza), com nossa dificuldade em entender tanta coisa...
Como é difícil e doloroso entender o caminho pelo qual segue a vida.
Nossos desejos esbarram com a realidade... abandonamos nossos sonhos, os sonhos de Deus pra nós e é tão ruim percebermos que isso entristece o coração de Deus...
Eu não quero entristecer o coração do Senhor... porque isso me fará triste...
É muito triste entristecer o coração de quem se ama... ainda mais quando esse alguém me amou primeiro...e com tamanho amor...
Somos humanos... erramos demais... somos tão falhos... mas o Senhor se importa... e perdoa, e dá forças, e conduz...
Ele abençoa e ouve a minha oração.
***
Novembro... nossa... quanto tempo...
***