2008... um ano singular para eles...
Recém casados e felizes... descobrindo um ao outro e aprendendo coisas que não sabiam...
Compraram uma cama no ano anterior... iam pagá-la em 12 prestações... mas o investimento era válido: ficavam acordados boa parte da noite... falando dos benefícios de uma cama nova para um novo casal...
Na noite anterior ficaram acordados por outros motivos... a melhor amiga dela fizera aniversário e era tradição ligar e dar parabéns à meia noite... mais uma "descoberta" dele sobre a esposa; ele se divertiu com a idéia e ficaram os dois vigiando as horas pra não dormirem... ele até ajudou a cantar "parabéns"... depois dormiram... abraçados... era engraçado dividir o mesmo espaço e ambos gostavam da sensação e da certeza de estarem ali, lado a lado.
Não estavam de férias... nenhum dos dois... e acordaram no dia seguinte bem cedo... ir ao trabalho era para ambos um compromisso que agora se fazia muito importante em função das responsabilidades assumidas depois do casamento... queriam tanta coisa...
Ela, além do trabalho, iria ao médico... andava se sentindo estranha... não disse nada pra ele... não queria preocupar...
Deu uma fugida no horário do almoço e foi ao doutor... o médico só reafirmou o que ela já desconfiava... comprou um teste de gravidez na farmácia da esquina porque não dava pra esperar o exame tradicional...
Voltou pro trabalho ansiosa... não via a hora de voltar pra casa, de compartilhar com seu esposo a "possível" novidade...
Antes de ir pra casa, resolveu passar no supermercado... queria comprar um bolo... aqueles de "caixinha" que era pra não correr o risco de dar errado... queria fazer uma surpresa ao marido, pra comemorarem. Ela ria sozinha e em seus pensamentos recordava que em seu coração sempre sonhou ser mãe, aquela mãe que faz bolo de chocolate no fim da tarde e com isso, faz a alegria da família... imaginava a mesa farta, filhos, esposo em torno dela no fim de tarde, ritual instituído e sonhado desde a sua adolescência.
Não pretendia contar ao esposo que o bolo era de caixinha... coisa de mulher... ele a considerava mais profissional do que dona de casa e ela secretamente gostaria que fosse o contrário, muito embora tivesse orgulho de que ele tivesse tal opinião sobre ela. Na realidade, ela sabia que fazia todas as coisas com zelo e que sua vida profissional representava segurança para ambos.
Ao chegar em casa, foi logo para a cozinha... faltava um ovo... ligou para a irmã e pediu emprestado... a sobrinha trouxe... pensou em contar a novidade, mas sabia que o privilégio era do marido de saber em primeira mão... sorriu e quis que a sobrinha soubesse ler seus pensamentos.
Colocou o bolo no forno e foi ao banheiro... lembrou-se do teste. Os minutos necessários à grande constatação pareciam horas... a cor do papel não deixara dúvidas... estava grávida!
Tomou um banho... vestiu um vestido larguinho... parecia que a "barriguinha" já era perceptível.
Lembrou-se do bolo... já estava assado... fez a cobertura e quando terminava de prepará-lo sobre a travessa, ele chegou... abraçou-a por trás...
Comentou ao pé do ouvido dela que a casa tinha cheiro de casa de mãe, de vó... mas que o perfume mais gostoso era o dela... de mulher, de esposa... ele, nos últimos meses, parecia sempre surpreso diante da nova vida de casado e não fazia questão de esconder o quanto estava feliz com a realidade, com a alegria do retorno ao LAR, para ELA, ao fim do dia...
Perguntou o motivo do bolo... se era pra comemorar o aniversário da amiga dela...
Ela sorriu... negou com um gesto... ele parecia ler em seus olhos e esperar pela novidade...
Ela pegou o bolo... colocou sobre a mesa junto à garrafa de café...
Ele observou a mesa arrumada e ao lado do prato uma caixinha embrulhada em papel de presente... sorriu e, sem muita paciência abriu o pacote... dentro, um sapatinho de bebê e um pequeno cartão: "te amamos, papai!"
Ele, com lágrimas nos olhos, deu a volta na mesa, a abraçou com ternura...
Ela disse:
"Esse sapatinho é pra ele ou ela simbolicamente caminhar ao nosso lado neste novo ano que juntos iremos trilhar"...
Aline
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
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