segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A História dos Sentimentos


O texto abaixo está em um livro que eu amo.
Comprei esse livro na Rodoviária Novo Rio,
em uma das muiiitas vezes que tive que fazer hora
pra voltar pra Itaperuna.
Amo a autora, Lia Luft, e recomendo
(ela escreve também na Revista Veja).
Segundo ela, o texto que segue PODE SER de uma terapeuta
(tinha que ser... rsrrrsrs)
cujo nome é "Martha Herzberg; tal terapeuta enviou o texto
pra Lia e disse ser de autoria anônima,
(mas a Lia desconfia ser dela)
Enfim, o texto tá no livro cuja referência coloco abaixo.
Ah! É um texto super inteligente e pra pessoas sensíveis
que podem, por isso, perceber as sutilezas nele implícitas.
Divirtam-se.
Eu já visitei e visito este texto várias vezes.
Muito legal.
Abreijos,
Line

(...) Os Sentimentos Humanos, certo dia,

se reuniram para brincar.

Depois que o Tédio bocejou três vezes

porque a Indecisão não chegava

a conclusão nenhuma e a Desconfiança

estava tomando conta,

a Loucura propôs

que brincassem de esconde-esconde.

A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo,

e a Intriga começou a cochichar

com os outros que certamente alguém ali iria trapacear.

O Entusiasmo saltou de contentamento

e convenceu a Dúvida e a Apatia,

ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo.

A Verdade achou que isso de esconder

não estava com nada,

a Arrogância fez cara desdém,

pois a idéia não tinha sido dela,

e o Medo preferiu não se arriscar:

“Ah, gente, vamos deixar tudo como está”,

e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.

A primeira a se esconder foi a Preguiça,

deixando-se cair no chão atrás de uma pedra,

ali mesmo onde estava.

O Otimismo escondeu-se no arco-íris

e a Inveja se ocultou junto com a Hipocrisia,

que, sorrindo fingidamente atrás de uma árvore,

estava odiando tudo aquilo.

A Generosidade quase não conseguiu se esconder,

porque era grande e queria abrigar meio mundo,

a Culpa ficou paralisada,

pois já estava mais que escondida em si mesma,

a Sensualidade se estendeu ao sol num lugar bonito

e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia,

porque não era boba nem fingida;

o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia ninguém mais.

A Mentira disse para a Inocência

que ia se esconder no fundo do oceano,

onde a inocente acabou afogada,

a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo,

e o Esquecimento já nem sabia o que estavam fazendo ali.

Depois de contar até 99,

a Loucura começou a procurar.

Achou um, achou outro, mas ao mexer

num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor,

com os olhos furados pelos espinhos.

A Loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele,

espalhando beleza pelo mundo.

Desde então o Amor é cego e a Loucura o acompanha.

Juntos fazem a vida valer a pena –

mas isso não é coisa para os medrosos

nem para os apáticos,

que perdem a felicidade no matagal dos preconceitos,

onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação.


Ref.: LUFT, Lia. Pensar é transgredir. 12ª Ed Rio de Janeiro:

Record, 2005, pg. 47-48.



Não disse que era bom???

Ah!! Adoro a parte da Loucura e do Amor

e, de vez em quando, acho que eu deveria ter menos juízo...

ser mais maluquinha....

Outro beijo.

Aline



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