sábado, 17 de fevereiro de 2007

Perdas.


Hoje eu perdi um grande amigo.
Morreu ontem o Sandro.
Só fiquei sabendo hoje.
Tô tão triste.
A vida (ou a morte) é tão surpreendente
que não existem palavras que possam expressar
o quanto a gente é frágil.
O quanto a nossa sabedoria é limitada
quando, diante dessas situações,
a gente tenta explicar pra gente
a razão de ser destes acontecimentos.

Eu falei com ele na última 4ª feira.
Ele me ligou, ligou pro consultório,
dizendo que tinha deixado lá "um presente"
pra mim: a mãe dele, a Dona Zilá.
Ele queria que eu cuidasse dela, a tranquilizasse.
Perguntei se ele estava bem e ele
me assegurou que estava.
Acreditei e acredito que ele realmente
estava: cheio de projetos, muito consciente
a respeito da vida, das próprias forças e vulnerabilidades.
Disse que depois queria me ver.
Agora isso é impossível.
Na quinta eu tentei marcar com ele um encontro.
Queria vê-lo, conversar,
pra ter certeza de que tudo estava sob controle,
ainda que eu não tivesse evidências do contrário.
Ele pediu que me avisassem que depois do carnaval
iria me procurar, mas que se eu quisesse me certificar,
que era pra eu ligar pra ele.
Eu não liguei.
No tom de brincadeira dele,
eu optei por não ligar e esperar
pra estar com ele pessoalmente.

Isso tudo aconteceu nessa semana.
E o que passa pela minha mente agora é:
a gente TEM QUE aproveitar as oportunidades
que temos de sugar tudo de importante
daqueles a quem amamos.
Aproveitar é a palavra.

A gente perde por não telefonar,
por não estar mais na presença do outro,
por não expressar todo o afeto que temos pelo outro.

A gente acha que a morte, a finitude, não é realidade.
Somos jovens.
Aparentemente saudáveis.
Mas isso não é verdade.
Ele era jovem,
tinha muitos projetos de vida.
Queria viver, mas acidentes acontecem.
E eles roubam a nossa harmonia com o mundo.

Tristeza. Palavra do meu dia.
A imagem dele, sorrindo, na frente do prédio,
naquele dia de sol, não sai da minha mente.
Imaginar que vê-lo não é mais possível é duro.

Que Deus abençoe a família dele,
dê conforto a eles.
E que sirva de consolo pra nós as boas memórias
que o Sandro, meu amigo, nos deixou.

Aline

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